“Gestos de Abundância”

Sobre a exposição / About the exhibition

Como um sismógrafo, esta estação regista abalos e movimentos que escapam ao olhar imediato, abrindo espaço para formas de conhecimento táteis e sensoriais. O que importa não é separar geosferas de biosferas, mas reconhecer as continuidades entre o que vive e o que é considerado inerte. Na Caloura, os trabalhos expandem o campo sensível do território: em sintonia com vibrações sísmicas, flutuações aquáticas, estratos minerais e ficções botânicas. A terra surge não como recurso ou solo estável, mas como um corpo em transformação — instável e relacional.

A partir da geologia vulcânica dos Açores, a proposta aqui é uma prática de escuta que se desdobra em atenção e imaginação política. Contra as lógicas extrativistas, os trabalhos exploram o que resiste à captura: murmúrios subterrâneos, estados suspensos, arquivos minerais e ecologias ficcionadas. A abundância torna-se porosidade — um território onde matéria, espírito e paisagem se entrelaçam, convidando-nos a habitar o mundo de formas mais lentas e interdependentes.

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Like a seismograph, this station registers tremors and movements that escape the immediate gaze, opening space for tactile and sensory forms of knowledge. What matters is not separating geospheres from biospheres, but recognizing the continuities between what lives and what is deemed inert. In Caloura, the works expand the sensitive field of the territory: attuned to seismic vibrations, aquatic fluctuations, mineral strata, and botanical fictions. The earth emerges not as a resource or stable ground, but as a body in transformation — unstable and relational.

Drawing from the volcanic geology of the Azores, the proposal here is a practice of listening that unfolds into attentiveness and political imagination. Against extractivist logics, the works explore what resists capture: subterranean murmurs, suspended states, mineral archives, and fictional ecologies. Abundance becomes porosity — a territory where matter, spirit, and landscape intertwine, inviting us to inhabit the world in slower and more interdependent ways.